A ARTE DE ESCREVER 19 – UMA METODOLOGIA DA LEITURA

Como tratar da arte de escrever sem ao menos rascunhar uma arte da leitura? Impossível. Por isso, temos aqui uma metodologia da leitura – uma, entre outras tantas possíveis, cada qual válida, ora mais ora menos, a cada circunstância, texto que se lê, objetivos da leitura, etc. Embora centrada na leitura literária, o método de leitura que aqui se apresenta parece amplo o bastante para servir a qualquer leitura, de qualquer disciplina, campo do conhecimento e motivações pessoais para aquela leitura em específico. Desenvolve-se também, a partir da metodologia de leitura proposta, uma estratégia de escrita que se volta em particular para a produção de textos monográficos, como TFC, TCC, redações argumentativas, dissertações e teses, embora possa ser utilizada também, de modo tangencial, para a escrita criativa, ficcional ou poética.

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PALAVRAS INICIAIS

Este roteiro metodológico, que aqui apresento, se pretende tão só como introdução ao tema da leitura. Pode ser útil, eventualmente, para a leitura e para a escrita em geral, embora tenha como cerne de motivação e de exemplificação a leitura literária, com o objetivo de compreensão de textos de literatura e a exposição, por escrito, em textos expositivos ou de crítica, da leitura empreendida.

Em nenhum momento, o passo a passo que aqui é sistematizado se pretende como palavra única quanto aos procedimentos de leitura ou de exegese literária ou em geral.

Ainda que possa ser utilizada de modo quase universal, a metodologia apresentada é só uma abordagem; embora se desenhe de modo minucioso, quase que como um roteiro, procura evitar que seja utilizada ao modo de receita, sem abertura para o contexto e para a criatividade do leitor.

Temos sempre presente, a cada momento, a imensa riqueza e multiplicidade dos textos literários; temos presente, a cada passo do que propomos, a polissemia intrínseca que lateja nos textos que, com justiça e sem favor, podem e devem ser considerados como do âmbito da literatura – do mais delicado haikai à imensidão oceânica de um poema épico. Por outro lado, a metodologia pode ser utilizada para o estudo de textos técnicos de qualquer conteúdo; pode também ser consultada e utilizada no momento da escrita de monografias de qualquer área.

 

UM ESQUEMA DE LEITURA

Para a leitura em geral, e para a leitura literária em particular, há diversos modos de abordagem. Apresenta-se aqui uma metodologia útil, de sentido quase universal, que permite traduzir a leitura fluida e corriqueira em um entendimento maior, aprofundando na verticalidade a busca de sentidos construídos pelo texto, e horizontalizando a descrição do texto como constructo, como uma invenção que “lê” o mundo e no mesmo passo inventa um universo próprio ao reinventar o “real”, no caso da literatura, ou apreender o real e o compreender, no caso das disciplinas de outras áreas.

Temos, pois, aqui, uma visada do todo, da estrutura, em panorama, e uma percepção do mínimo, do detalhe textual sob a lupa em microscópio do leitor.

A proposta pode ser aplicada – com os devidos ajustes e respectivas especificidades – a narrativas curtas e longas, a poemas líricos, a textos teatrais, a poemas narrativos e a poemas épicos, e também a textos técnicos ou teóricos em geral. Como é um olhar para o passado, aos textos “canônicos”, no caso de textos recentes (física quântica, poemas experimentais, poesia computacional ou microcontos contemporâneos, para mencionar uns poucos exemplos), o esquema de leitura deve ser utilizado com redobrada atenção, pois exigirá, a cada momento, ajustes mais expressivos e referencial particular, mais apropriado.

O esquema de leitura é estruturado em seis passos:

  1. Descrição;
  2. Análise;
  3. Interpretação;
  4. Compreensão (Exegese / Hermenêutica);
  5. Proposição;
  6. Cosmovisão.

Vejamos cada um deles em detalhe.

 

O PASSO A PASSO

Os passos da descrição e da análise são essencialmente de apresentação ampla, horizontalizada, do texto sob estudo; os passos da interpretação e da compreensão (exegese / hermenêutica) são aqueles de entendimento aprofundado do texto, são os passos de verticalização; e os passos da proposição e da cosmovisão são os passos que indicam o entendimento – amplo e pessoal – do texto sobre o qual o leitor empreende a sua leitura.

As palavras-chave utilizadas (descrição, análise e interpretação, em particular) têm ampla circulação no âmbito da leitura e da exegese textuais ou literárias, mas deveriam ser utilizadas de modo mais específico, sem tomá-las como sinédoque de todo o processo, pois dele indicam tão só as etapas iniciais.

Utilizá-las em metonímia indica – o que é próprio de nossos tempos apressados e de certo abastardamento das pretensões curriculares – uma exigência de grau menor para a leitura. E, na taxonomia metodológica aqui apresentada, tratamos da leitura – com mais detalhe da leitura literária – com exigência de estudo, de amplitude e de aprofundamento em âmbito de grau maior, assim como tratamos da escrita, quanto à escrita técnica, voltada para a produção de textos de graduação e de pós-graduação, eventualmente para redações argumentativas ou textos de opinião, jornalísticos ou não, no ensino ou na vida profissional.

Apresentamos na sequência – em detalhe, ainda que de modo bastante sintético – o que significa cada um desses passos.

 

  1. Descrição:

Neste passo, o leitor, tornado produtor de texto sobre a leitura que empreende, deve apresentar as questões estruturais mais amplas do texto que lê. Deve fazer isso a partir das teorias da poesia ou das teorias da narrativa. Menciono de modo genérico “teorias”, quando talvez seja mais correto dizer, no âmbito do literário, pois é com a literatura que exemplificarei a metodologia, e se trata aqui de apresentar o texto a partir daquelas categorias básicas de cada gênero.

Dois exemplos:

  • No poema, deve-se mostrar o subgênero (soneto, quadra, ode, poema em prosa, haikai, acalanto, cantiga, canção, écloga, etc.), o modo como se dispõe(m) o(s) verso(s), o(s) tipo(s) de estrofe, a presença (ou não) de rimas e a tipologia delas, os efeitos mais imediatamente percebidos de musicalidade (sonoridade e ritmo), os tropos metafóricos e os temas e subtemas evidentes.
  • Na prosa, o subgênero (conto, microconto, narrativa poética, novela, romance, biografia, sermões, etc.), os temas e subtemas, a estrutura textual mais evidente, escolhas narrativas e escolhas linguísticas, formais, e em linhas gerais o modo como surgem as categorias básicas – o enredo, as personagens, o narrador, o tempo e o espaço, eventualmente como cronotopo.

As escolhas feitas na descrição, eventuais destaques aqui feitos, repercutem nos próximos passos, em particular naqueles que serão estudados, dissecados, expostos em detalhe, no passo da análise – que, por sua vez, direciona a sequência da leitura empreendida.

 

  1. Análise:

Aqui, estudamos questões pontuais que nos chamaram a atenção na construção linguística, poética ou narrativa do texto literário – ou qualquer outro texto – sob estudo, o que já se evidencia no modo como foram apresentados no passo anterior. Ou seja, os aspectos que, na descrição, parecem nos pedir exame mais atento ou cuidadoso, pois são diferenciados, emergem agora como as chaves que permitem iluminar o entendimento do texto tanto no detalhe como de modo global.

Em específico, na toada de exemplificação a partir da poesia e da narrativa:

  • No poema, certas repetições sonoras ou lexicais, as oposições evidentes ou indiciadas, aquelas palavras em itálico ou em inicial maiúscula, as palavras raras, as inversões sintáticas, oxímoros, rimas esdrúxulas em meio a uma linguagem coloquial, etc. Nos textos em geral, as conclusões parciais, as afirmações categóricas, as nuances argumentativas; e também os enfrentamentos teóricos, a inserção no “estado da arte” da área, a proposição metodológica, o recorte teórico.
  • Na prosa, a sutil nomeação das personagens, um espaço exótico, um tempo verbal inesperado em uma ou outra passagem, uma manipulação na ordem temporal, o modo como o enredo é estruturado, a alternância entre sumário e cena, a linguagem (coloquial, formal, poética, etc.), enfim, qualquer aspecto que mereça ou que o leitor selecione – porque lhe chamou particular atenção, nos textos ficcionais ou nos textos em geral – para expor com maior detalhe e acuidade.

A etimologia da palavra análise já indica ser essa a atividade de dividir o objeto em partes menores, nos componentes intrínsecos, para entender cada parte de modo pormenorizado em sua natureza, causas, funções e relações, e, assim, entender o todo tendo em vista a compreensão das partes. É necessário um cuidado adicional nesse momento, para que ele não se torne apenas uma paráfrase da descrição: devemos, claro, dar aqui uma volta a mais no processo de leitura, na compreensão do texto em estudo.

 

  1. Interpretação:

É o momento de iluminar o passo da análise com teoria(s) que esclareça(m), nuance(m), modalize(m), aprofunde(m) e verticalize(m) a compreensão do texto sob nosso olhar.

Ao elaborarmos a descrição e a análise, notamos em cada texto caraterísticas formais e questões temáticas que já indiciam e indicam opções e caminhos para este novo passo, de interpretação, sendo que o passo de interpretação condiciona o procedimento hermenêutico que se segue a ele.

O passo da interpretação – não custa enfatizar e repetir – é aquele em que evocamos e trazemos ao estudo e à pesquisa teorias do campo da linguagem ou da literatura, em que trabalhamos com outras ciências, consideradas no caso como auxiliares – é o momento em que esses outros campos do conhecimento indicam sentidos e significados latentes no texto que é lido com acuidade, no detalhe, nas entrelinhas.

Um bom procedimento, neste passo, é empreender hipóteses de compreensão na forma de dúvidas, perguntas e questões. Eis algumas, meramente indicativas, um pequeno rol de exemplos, sempre do campo da literatura, pois as possibilidades, aqui ou em outras áreas, tendem ao infinito:

  • Qual o significado das oposições que surgem ao longo do poema?
  • O que significam tais oposições e tais complementariedades?
  • Qual o significado dos/as [cores, tons, adjetivos, etc.]? Como os/as compreender?
  • Para além dos dicionários, qual o significado intrínseco, interno a este texto, da palavra “xxxx”?
  • E qual o significado intrínseco ao texto em estudo da palavra “Xxxxx”, em itálico e com inicial maiúscula?
  • Em que ethos do/a [biográfico, escola literária, bibliográfico, tempo histórico, do ethos da práxis deste campo, momento cultural, etc.] se insere o/a autor/a?
  • Em qual ethos se insere (ou desenvolve) o poema, o diálogo, a narrativa, o texto?
  • Qual o significado do título do poema ou da narrativa diante do texto interpretado?
  • De que modo a história / a biologia / a semiótica / a linguística a, b ou c / a teoria do conto / etc. / etc. me iluminam este texto ou tal aspecto deste texto [poema ou conto ou teatro ou novela, ou texto teórico, ou etc., etc.]?
  • Como compreender este texto que leio pela teoria da tradução / do cinema / dos gêneros literários / etc. / etc.?
  • Quais os antecedentes (teóricos ou da práxis da área) a que o texto evoca, direta ou indiretamente, e como ele se posiciona diante desses antecedentes ou precursores?
  • Como o texto se situa diante de seus conterrâneos e diante de seus contemporâneos no diálogo científico, social, filosófico, literário, religioso, histórico, etc., etc.?
  • Quais são os pontos-chave da argumentação teórica e do procedimento metodológico deste texto que leio?

Portanto, para avançar neste passo da interpretação, ilumine o texto sob estudo com teorias, inclusive de outras disciplinas, ilumine no texto aqueles aspectos anotados na descrição e na análise, em especial aqueles que se mostram mais produtivos e mais iluminadores para uma compreensão mais abrangente, quiçá global, do texto.

 

  1. Compreensão (Exegese / Hermenêutica):

Neste passo, o leitor deve abstrair – da compreensão descrita na interpretação – questões mais gerais, deduzindo a visão de mundo ou as possíveis visões de mundo subjacentes ao texto sob estudo, estabelecendo “conclusão” que considere aspectos importantes e descobertas determinantes elencados nos passos anteriores. (A palavra “conclusão”, entre aspas, indicia que se trata de uma leitura particular, a do enunciador, a do estudioso, e não de verdades palmares: os fatos talvez sejam indubitáveis, mas a leitura deles é sempre interpretativa).

O texto todo, e aqui ainda mais, deve ser escrito na forma de frases claras, objetivas, sintéticas, mas com as devidas modalizações, uma vez que as afirmações peremptórias e definitivas costumam induzir a erro, muitas vezes a erros crassos.

Trata-se, pois, de compreender o todo do texto sob nosso olhar a partir da pesquisa pontual que realizamos de um aspecto específico, particular, devendo-se explicitar que tal extrapolação é compreensão particular, válida a partir do referencial com que o texto (poema ou narrativa ou texto teórico ou texto técnico) foi descrito, analisado e interpretado.

Lembremo-nos, sempre, que em particular o texto literário, polissêmico por natureza, possibilita compreensões outras quando vistos por perspectivas diversas.

 

  1. Proposição:

Trata-se de uma afirmação pessoal e muito sintética, sobre o texto, a partir do entendimento que dele depreendemos tendo por referência a interpretação que construímos.

Tem um formato, quase sempre, de sentença afirmativa, nos seguintes moldes:

  • O texto tal, de tal autor, nos apresenta tal definição sobre tal assunto, assim modalizado.

Isso significa dizer, a partir dos elementos em negrito ou itálico-negrito, que o texto que examinamos (poema ou narrativa, na exemplificação), nos apresenta tal perspectiva sobre o recorte em que o lemos e estudamos, observados, como descrito e analisado, e em particular como exposto na interpretação, tais conceitos e tais limites conceituais.

É, pois, uma leitura (nossa), um entendimento (nosso), que, como leitor(es), partilho(amos).

Assim realizada, a leitura empreendida se torna um novo conhecimento sobre o texto a partir do qual desenvolvemos nosso esforço de compreensão. A leitura sempre é um ato de conhecimento, de apreensão do mundo na perspectiva textualmente dada, e a leitura literária é o ato mais abrangente, solidário e empático que temos de conhecimento linguístico e cultural da sociedade e de tudo o que é o humano.

A proposição, colocada – nessa metodologia de leitura – como clímax do processo, se torna uma hipótese, ou uma tese, quando posta no início do texto, tendo em vista desenvolver um(alguns) argumento(s) a partir do qual(is) vamos discorrer – e, desse modo, comprovaremos no final a assertiva apresentada como proposição.

Esse é o modo pelo qual quase todos os textos monográficos (redação, artigo, TCC, dissertação, tese) são tecnicamente construídos – as exceções decorrem de eventuais propostas diferenciadas de estudo. Para essas exceções, claro, o estudante deve contar com a orientação, tutoria ou supervisão de um professor de larga experiência, que indique cotidianamente caminhos ou atalhos, indicando a trajetória da pesquisa.

De certo modo, podemos dizer que aparentemente antecipamos em monografias uma conclusão de leitura já efetivada. É, no entanto, um procedimento metodológico que se torna especulativo, pois as impressões iniciais de leitura, muitas vezes, são desmentidas ou modificadas, no processo de trabalho proposto, quando iluminamos o texto e as primeiras impressões no procedimento detido e meticuloso de descrição, análise, interpretação e compreensão (exegese / hermenêutica).

Dito de outro modo: utilizamos o procedimento de descrição, análise, interpretação e compreensão para chegarmos a um entendimento – a nossa leitura do texto – que se cristaliza ao configurarmos a proposição. Assim, procedemos como metodologia de leitura; para a escrita de um texto sobre a conclusão a que chegamos, a proposição é apresentada como hipótese da monografia (redação do ENEM, artigo, TFC, TCC, dissertação de mestrado ou tese de doutorado ou de pós-doutorado); a partir da hipótese propositiva o texto é desenvolvido, e nele apresentamos o objeto bibliográfico de estudo na sequência metodológica da leitura efetivada.

 

  1. Cosmovisão:

Eis o passo final da leitura, ponto culminante na compreensão do objeto sob estudo. A cosmovisão é o que depreendemos do texto quanto ao modo pelo qual o(a) autor(a) do texto sob investigação compreende a sociedade no seu hic et nunc.

De certo modo, é uma proposição ampliada, pois projeta sobre o autor – melhor dizendo: sobra o conjunto da obra de determinado autor – a compreensão dada por um único texto dele, aquele que tivemos sob o nosso olhar e sobre o qual produzimos a leitura.

Trata-se de movimento que recolhe a leitura feita do texto-objeto, sempre um “objeto” vivo e vivificador, em diálogo com a fortuna crítica que o envolve, para assim deslindar, eventualmente de modo especulativo, a visão sobre o todo autoral que depreendemos do estudo de uma particularidade. É uma abstração, mas os elementos de entendimento que medeiam, da leitura que efetivamos à compreensão global que agora expomos, devem estar claros e evidentes para o leitor-enunciador – e devem ser apresentadas no detalhe ao leitor da análise que fizemos, tornada texto crítico.

 

UMA ÚLTIMA PALAVRA

Se, para a leitura em geral, e para a leitura literária em particular, temos diversos modos de abordagem, de procedimentos para estudo e para buscar a compreensão do texto sob leitura, o nosso texto, este que escrevemos para dar conta da leitura pessoal, única, que realizamos, nós também, em nosso aqui e agora, em nosso momento e em conformidade com a trajetória pessoal, biográfica e acadêmica que percorremos, temos ainda por necessário e fundamental um passo a mais, um passo dúplice:

  • precisamos conferir diversas vezes todos os dados;
  • precisamos revisar muitas vezes o nosso texto.

Conferir os dados significa verificar todas as informações, cruzar todas as referências, mencionar corretamente – conforme as normas!, as da instituição ou, no geral, as da ABNT – todos os itens bibliográficos utilizados, referenciar corretamente as citações, verificar e ajustar todos os aspectos do texto e dar o crédito devido a todas as fontes, inclusive de ideias subjacentes no texto (no último caso, preferencialmente em notas de rodapé).

Revisar significa dar a maior clareza possível a cada frase que permanecerá viva no texto final, corrigir os erros ortográficos, de sintaxe ou de semântica, padronizar a utilização dos conceitos, buscar a forma mais precisa, mais objetiva, mais sintética e mais expressiva para cada frase que permanecerá pulsando no texto que vai à busca do seu leitor.

Devemos revisar e trabalhar o texto, evitando frases que se alongam e fiquem confusas. Devemos escrever de modo objetivo: sujeito + verbo + complemento. Onde houver uma frase longa, com coordenadas, subordinadas ou com índices de oralidade, devemos dividir em três ou quatro frases curtas, diretas, claras e de sentido evidente. Após o texto assim revisado e pronto, devemos ajustar as frases – frase por frase, palavra por palavra – para obtermos um ritmo eufônico, sem monotonia, que adeque o conteúdo à expressão.

Lembremo-nos sempre: uma única frase mal elaborada, uma única palavra mal escolhida, uma única vírgula mal colocada, ou que falte, uma única inadequação, pode destruir o mais belo argumento e termina por lançar ao lixo o texto – o nosso texto!, no qual depositamos as nossas maiores esperanças.

Um texto mal escrito, um texto mal revisado, um texto sem a conferência dos dados e sem o acabamento devido, é um texto que deve ficar somente na gaveta do seu autor ou nos escaninhos e arquivos de um anônimo computador (se é que não mereçam a lixeira de pronto, sem mais delongas). Tenhamos sempre em mente essa lição, pois não podemos nos permitir que o esforço de nossos estudos, de nossa leitura e de nossa escrita se perca por um nada depois de tudo o que fizemos, de todo o trabalho que desenvolvemos.

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Quer dialogar?

Escreva-me: < rauer.rodrigues@ufms.br >.

Rauer Ribeiro Rodrigues
Professor; escritor; em travessia

A ARTE DE ESCREVER:

Informação importante: O Prof. Rauer ministrou, no primeiro semestre de 2020 e em semestre anterior, há alguns anos, na pós-graduação de Letras / Estudos Literários do Câmpus de Três Lagoas da UFMS, cursos de escrita criativa; a nosso pedido, alguns dos textos que serviram de diretriz para as aulas, aqui comentados e ampliados pelo professor, vem sendo publicados no Blog da Editora Pangeia. Além dos textos que então utilizou nos cursos, inclusive alguns com os quais trabalhou na graduação, o professor vem incluindo outros, ampliando o escopo das aulas para um público além dos estudantes universitários. Não perca! Vale a pena acompanhar. (Rizio Macedo, Editor, Editora Pangeia).

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