Este livro analisa haikus produzidos na comunidade Yuba que se encontram arquivados na UFMS, Câmpus de Três Lagoas, recolhidos na tese O haiku da comunidade Yuba: criação, socialização e publicação, de Michelle Souza (2012), no intuito de verificar se os haikus dos Yubas seguem ou não os princípios estabelecidos do haiku tradicional japonês, a partir da descrição do haiku clássico realizado nos estudos de Horace Blyth e de pesquisadores brasileiros. Os princípios basilares que observamos são os seguintes: makoto, que quer dizer “verdadeira palavra” ou “verdadeira coisa”: sei (pureza); mei (brilho) e choku (elevação de caráter, correção espiritual e, também, fraqueza). Observamos também três conceitos estéticos que Bashô criou: yúgen (mistério); ushin (repleto de emoção poética profundamente sentida); mushin (beleza transcendente e intuitiva). Além desses, Bashô acrescentou mais três aspectos quanto à montagem do haiku: Sabi, que caracteriza solidão; wabi, que caracteriza a pobreza; e karumi, simplicidade e ao mesmo tempo densidade, carregado de sentido. Há também a obrigação do uso do kigo. Todas essas normas devem compor rigorosa e metricamente de modo simples e natural nos três versos com 17 sílabas. A arte do haiku é estudada e seguida por gerações e gerações de haijin na Comunidade Yuba, com poetas que ressignificam a tradição oriental.