O Instituto Paulo Freire, IPF, no dia 19 de setembro, quinta-feira última, na Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo, realizou evento de homenagem a Paulo Freire, na passagem do 103º aniversário de nascimento do Patrono da Educação Brasileira.
Precedeu ao encontro o lançamento de selo comemorativo em homenagem a Paulo Freire por parte dos Correios.
Na ocasião, houve também homenagem a Elza Freire, com destaque para o livro Elza Freire e Paulo Freire: Noites de Exílio, Dias de Utopia, da Profa. Nima Spigolon (Unicamp), Prêmio Jabuti Acadêmico 2024 em Educação e Ensino. A esse propósito, se manifestaram, no evento, a Profa. Nima, o Prof. Paul o Roberto Padilha e o editor da Pangeia, Prof. Rauer.
Eis o recorte desse momento:
Para assistir a cerimônia dos Correios e a íntegra da mesa
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Homenagem a Paulo Freire
Instituto de Educação e Direitos
Humanos Paulo Freire
Esse texto consta do material dos Correios no
lançamento do selo em Homenagem a Paulo Freire
Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, onde, logo cedo, pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, por ele fundado. Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a Universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.
A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação, fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados pelo Golpe civil-militar de 1964, depois de 72 dias de reclusão. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido.
Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em no- vas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos, principalmente na África.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil para “re- aprender” seu país, como dizia ele. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, buscando “inverter as prioridades” implementando uma educação pública, popular e democrática.
Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné- Bissau (1977), Pedagogia da esperança (1992) e Pedagogia da autonomia (1996).
Paulo Freire foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por mais de 40 universidades, tanto nacionais, como a Unicamp, a PUC-SP, como estrangeiras, como a Universidade de Genebra, a de Madri e a de Lisboa. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: “Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento” (Bélgica, 1980); “Prêmio UNESCO da Educação para a Paz” (1986) e “Prêmio Andres Bello” da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992).
Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio. O Acervo Paulo Freire, mantido no Centro de Referência Paulo Freire, pelo Instituto Paulo Freire (www. memorial.paulofreire.org) é reconhecido pelo Programa Memória do Mundo, da Unesco, em âmbito nacional, América Latina e Caribe e, em 2017, recebeu o título de patrimônio documental da humanidade.
Passados 27 anos, a sua pedagogia continua válida porque ela responde a necessidades fundamentais da educação de hoje. A escola e os sistemas educacionais encontram-se hoje frente a novos e grandes desafios diante da generalização da informação, da Internet, da inteligência artificial e, também, da desinformação. Nesse contexto, o pensamento de Paulo Freire é mais atual do que nunca, pois, em toda a sua obra ele insistiu nas metodologias, nas formas de aprender e ensinar, nos métodos de ensino e pesquisa, nas relações interpessoais, enfim, no diálogo.
Ele costumava retomar certos temas, como em Pedagogia da esperança, retoma a sua Pedagogia do oprimido. Há certamente na obra de Paulo Freire um retorno e um desenvolvimento em espiral de uma grande polifonia de temas geradores orientados por um ponto de vista emancipador da ciência, da cultura, da educação, da comunicação etc. Por isso pode-se concluir que a obra de Paulo Freire gira em torno de um único objeto de pesquisa, presente desde sua primeira obra, Educação e atualidade brasileira, que foi consagrado definitivamente na sua Pedagoga do oprimido: a educação como instrumento de libertação.
Alguns certamente gostariam de deixá-lo para trás na história das ideias pedagógicas e outros gostariam de esquecê-lo, por causa de suas opções políticas. Ele não queria agradar a todos. Mas havia uma unanimidade em todos os seus leitores e todos os que o conhecerem de perto: o respeito à pessoa. Paulo sempre foi uma pessoa cordial, muito respeitosa. Podia discordar das ideias, mas respeitava a pessoa, mostrando um elevado grau de civilização. Sua prática do diálogo o levava a respeitar também o pensamento daqueles e daquelas que não concordavam com ele. Autodefiniu-se, certa vez, como um “menino conectivo”.
A pedagogia do diálogo que praticava fundamenta-se numa filosofia pluralista. O pluralismo não significa ecletismo ou posições “adocicadas”, como ele costumava dizer. Significa ter um ponto de vista e, a partir dele, dialogar com os demais. É o que mantinha a coerência da sua prática e da sua teoria. Paulo Freire era acima de tudo um humanista.
Como terno guerreiro das palavras, Paulo Freire criticou a ética do mercado neoliberal, mas tinha esperança de superá-la, por uma ética universal do ser humano. Acredita na história como possibilidade e não como fatalidade. Como legado nos deixou a utopia.
Instituto de Educação e Direitos
Humanos Paulo Freire
www.paulofreire.org
www.memorial.paulofreire.org
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Elza Freire e Paulo Freire: Noites
de Exílio, Dias de Utopia
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