Descrição
Da entrevista de Nima Spigolon que precedeu ao lançamento de Umematsuri e de Chumbo Sutil:
“A literatura de autoria feminina brasileira, vinculada aos movimentos feministas, iniciados ainda no século XIX, quiçá antes, significa uma espécie de subversão aos estereótipos tradicionais, como forma de resistência ao patriarcado e de luta contra a misoginia.
Haijins [mulheres do Japão antigo], ao captarem um instante contemplativo, demonstram a característica dos haicais tradicionais, e atualmente faço uma releitura que me permite aventurar em formas mais livres, onde a reflexão sobre a liberdade e a sobrevivência é apresentada com grande carga simbólica.
Considero imprescindível conhecer profundamente as regras e a tradição do haikai ao estilo japonês, o que nos permite emular essa poesia em nossa índole e cenário, mas também nos possibilita transgredir as normas. Nesse movimento, os haikaístas brasileiros nos oferecem preciosas criações poéticas.
Procuro fazer uma aclimatação temática e formal seguindo os preceitos da tradição do haiku – e assim busco me inspirar nas fontes femininas antigas […]. E preciso destacar a obra imensa, inspiradora, seminal de Teruko Oda.
Enquanto Chumbo Sutil vincula-se às angústias da contemporaneidade com pinceladas fortes de concretude, Umematsuri reflete o poema nipônico tradicional em interface aos trópicos brasileiros. A mim mesma é interessante identificar as multifaces da escritora que faz zigue-zagues desde a polifonia dissonante de contemplar a paz da natureza ancestral até a voz que trata do universo urbano e das sociedades humanas atuais, cada vez mais cruéis.”
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