Aliciador e inesquecível, nos diz Lino de Albergaria sobre “Lua Preta”, de Madu Brandão

Em seu perfil no Facebook, o escritor Lino de Albergaria, de extensa e intensa presença na literatura brasileira contemporânea, fez postagem sobre o Lua Preta, de Madu Brandão. Ele fala da escritora, descreve a construção estrutural do conto na voz do protagonista, enfatiza a força da personagem Tonzé, considerando-o apaixonante. Confira abaixo a íntegra do post de Lino de Albergaria.

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Madu Brandão, autora reconhecida pelo talento e a múltipla criatividade, oferece ao leitor jovem um texto forte e cativante, abordando um tema cada vez mais atual. Lua Preta (Edições Saruê / Pangeia Editorial, com ilustrações de Eduarda de Oliveira) é uma narrativa em primeira pessoa em que o herói Tonzé apresenta um discurso convincentemente coloquial para captar a atenção de quem o ouve ou, na verdade, o lê.

É a manipulação desta linguagem o grande trunfo da autora, fluindo com eloquente expressividade e fazendo com que nos deliciemos com um vigor que se mostra ingênuo, natural e desenvolvido sob uma perspectiva altamente inventiva. Por meio de um monólogo sedutor, Tonzé vai se apresentando e construindo uma personagem inesquecível, revestida de generosidade e simpatia.

Personagem tão aliciadora, vai apresentando seu cotidiano de garoto humilde num contexto discriminatório para quem, como ele, tem aquele rosto redondo de pele bem escura, motivo de chacota de outras crianças.  Lua Preta é apelido que não lhe provoca raiva nem humilhação. Afinal, sua integridade é suficiente para não cair na armadilha ingrata do ressentimento.

A escola reproduz a hostilidade do mundo, onde sobrevive um garoto sensível e aberto a uma percepção poética das coisas, sem se afetar por palavras e gestos alheios cruelmente gratuitos. Sua atitude não permite que sua autoestima se abale. O garoto é simplesmente uma criatura com um caráter abertamente positivo, caminhando para o aperfeiçoamento de sua humanidade.

A mesma escola que o incomoda também proporciona uma viagem de descoberta, a Ouro Preto, onde, primeiro pela arte das igrejas, depois pela história do trabalho e do saber dos escravos mineradores, passa a ter a consciência da presença marcante de seus ancestrais. A “tia” se revela uma personagem preocupada em valorizar aquele aluno, diferente não pela aparência, mas por uma inesperada e constante doçura.

Tonzé é também uma criança equilibrada por conviver com uma família amorosa, com pais acolhedores em sua singeleza e despretensão. Madu Brandão nos brinda com o respeito com que compôs e iluminou este jovem, tão comum externamente, mas dono de uma personalidade rara e que apaixona quem se dispõe a conhecê-lo. 

Este é, sem dúvida, um livro importante na trajetória literária desta escritora madura e dona de uma obra significativa.

Lino de Albergaria

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O texto honesto e real de Madu Brandão abre o caminho para a reflexão que as ilustrações da Duda potencializam, e que o projeto pedagógico para trabalhar com o livro nas salas de aula deve estimular. Não se acaba com um problema evitando discuti-lo: antes, a luz chocante da realidade é o melhor meio para desinfetar preconceitos, racismos, perseguições, censuras, discriminações e ódio raciais.

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