Carrinho(4)
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O livro de Madu expõe,

pela fala mansa do menino narrador, as desigualdades e o racismo que marcam nosso país. As piadas feitas enquanto se amarra o sapato – que é para a professora não ver – e a postura de, diante das ofensas, ficar “sentado e quieto”, “sem incomodar ninguém”, nos conduzem até as origens da sociedade brasileira, na visita escolar à histórica cidade de Ouro Preto. O que as ladeiras mineiras, as paredes e santos da igrejinha narram finalmente iluminam a existência tímida do menino. “Lua Preta” é um testemunho da importância da representatividade racial e da necessidade de se revisitar o passado para compreender o presente e construir o futuro.

O menino narrador nos enternece com seu olhar amoroso, capaz de contemplar a imensidão do firmamento nos olhinhos brilhantes da irmã; todo um macrocosmo latente na existência de um menino. A escrita de Madu nos oferece este universo em uma sequência de imagens sutis, de estojo velho, de boneca de pano, de linhas pretas, de roupas rendadas... tudo à conta gotas, como boa mineira contadora de histórias. Aliás, o mineirês registrado em “Lua Preta” entoa como um patrimônio vivo e performático, capaz de – pela linguagem – instituir uma nação própria.

Marina Miranda Fiuza

Professora de Literatura, escritora,

pesquisadora e crítica literária

Chico Rei e a Igreja de Santa Efigênia

O Arte-educador e Guia turístico em Ouro Preto - Alexandre Mendes nos conta em vídeo um pouco da importância de Chico Rei.

Ilustração de Duda

Igreja de Sta. Efigênia

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A importância da Ancestralidade

 

Ainda que a facilitação da leitura e a admiração estética devam fazer parte do pensamento inicial no desenvolvimento de todo projeto gráfico,   as escolhas editoriais para o Tonzé em sua saga “Lua Preta”  estão para além disso, havia a necessidade de um acréscimo. Há uma escolha político-pedagógica referente às ilustrações, que trazem signos importantes para a transmissão de ideias não escritas, assim como a escolha tipográfica.

A Importância da Ancestralidade também é uma bandeira que buscamos trazer à luz e a Eduarda Oliveira participa da proposta particularmente com a ilustração que valoriza a presença de personalidades negras junto ao Tonzé, mas que poderia ser qualquer um de nós na luta por um mundo mais justo e sem amarras de preconceito.

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O texto de Madu Brandão é uma narrativa realista, sem  dúvida, e ela nos convida a discutir as  tribulações do protagonista Tonzé em  uma proposta decolonial, para além da  perspectiva da dor, da visão do colonizador, dos preconceitos do escravocrata. “Lua Preta” nos convida a pensar a  história não apenas pela narrativa  daqueles que dela se apropriaram e se  deram o direito de justificar atrocidades.

Ancestralidade é o termo central  indicado para estudo: a pauta é buscar as  informações de que toda história começou antes, muito antes da  chegada dos europeus, lá na África e cá, em terras  que hoje chamamos de Américas.

Busquemos na leitura deste conto ficcional a história afirmativa de um  jovem que sabe o que é o amor e o cuidado pela convivência com seus familiares, mas que infelizmente normalizava o  comportamento agressivo de seus  colegas, tanto dentro quanto  fora do espaço escolar, por não ter sido ainda apresentado à história maior das pessoas que foram  arrancadas da África.

A diáspora africana surge ao protagonista na visita à cidade de Ouro Preto e também com a aproximação da professora Alice e do padre Pedro, que mostram a Tonzé e a todos nós que o período de escravização não foi ao acaso, mas,  sim, a história de violências inauditas  que devem ser conhecidas para que as  superemos, construindo antídotos para  que tais tempos jamais se repliquem.

Os saberes de culturas antigas nas  terras ancestrais de África foram implementados do lado de cá do Atlântico. Saberes de engenharia e agricultura, assim como das  crenças e a força anímica. Conhecimentos ancestrais que foram unidos à força de  trabalho e inteligência e, ainda, somados a saberes dos povos originários que aqui já estavam e dos outros povos que para cá vieram.

Este livro é uma história de aprendizagem, uma epifania na construção  identitária, um mote para uma discussão  que tarda e que poucos de fato sabem  fazer.

Vamos combater o senso comum e o bom combate?  Vamos fazer esse debate? Consulte,  discuta, colabore, troque você também  os saberes. Nos envie suas propostas de leitura, projetos e comentários para:
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