Edgar Allan Poe faleceu há 173 anos, no dia 7 de outubro de 1849. Ele desaparecera dez dias antes, supostamente em viagem entre Richmond e Nova York. Foi encontrado uma semana depois, no dia 3 de outubro, em Baltimore, Maryland, EUA. Com roupas que não eram as suas, delirando, foi levado ao hospital, onde morreu após quatro dias. Tendo nascido em 19 de janeiro de 1809, estava com 40 anos, 8 meses e doze dias. Deixou uma obra inventiva, densa, potente, de altíssima elaboração literária, tendo sido contista, poeta, editor, crítico literário e o primeiro teórico do conto moderno.
Sua projeção, hoje universal, iniciou a partir da tradução que Charles Baudelaire fez, na França, de alguns de seus poemas e contos, assim como os estudos em que o apresentava. Era homem de gênio e genioso; amou muitas mulheres, quase sempre rechaçado; talvez hoje fosse considerado em algum grau dentro do espectro autista; tinha espírito lógico-matemático; fez da criação literária um campo de régua e medida, no qual seu talento transbordava, como demonstra em “A filosofia da composição”, ensaio no qual trata da escrita de seu poema mais famoso, “O corvo”. Tinha surtos persecutórios e foi alcoólatra.
O conto abaixo, de Rauer, é nosso registro e nossa homenagem a Edgar Allan Poe na data da sua morte; a narrativa faz uma recriação ficcional dos momentos finais da última viagem do poeta.
Rauer – escritor, professor, em travessia (é assim que ele se apresenta no instagram @_rauer) – publicou seu primeiro livro, Lugares intoleráveis, contos, aos 23 anos, em janeiro de 1982. Muitos livros depois, suas publicações mais recentes saíram nos três selos da Pangeia Editorial:
no selo acadêmico, Editora Pangeia, saíram os cinco volumes que organizou da Coleção Literatura & Vida, e os livros Mulher explícita, contos de Alciene Ribeiro Leite, que organizou e no qual assina o posfácio, Micros-Beagá, coletânea com 54 autores, no qual assina o prefácio, e O conto na modernidade: da filosofia à composição, no qual assina a apresentação;
no selo Dionysius, de literatura, assina os livros individuais Qohelet, narrativa lírica (2ª e 3ª edições em 2019 e 2022), e Ab ácido: estórias, contos (2021);
no selo infantojuvenil Saruê saiu O Guri cheio de arte e a Baleinha Jubarte (2021) ;
também assina alguns trabalhos coletivos ou a quatro mãos no selo Dionysius: a seleção e organização de Fluido Céu (2022), haikais de Willia Katia Oliveira, do qual faz a apresentação, Brazil 2020, contos, dividido – na coleção Nos Tempos do Corona – com Alciene Ribeiro Leite, minimus & brevíssimos (2020), microcontos, em livro também dividido com Alciene Ribeiro Leite, e – na Coleção Plaquete – o volume Senryu: oficina literária (2022), com onze haijins, em coorganização com Willia Katia Oliveira.
Seu lançamento mais recente – de setembro de 2022 – está na Coleção Plaquete, da qual faz a curadoria, cujo volume 4 se volta para a obra de Edgar Allan Poe, e que está gratuito até o dia 20 de outubro, AQUI. O eBook faz reunião inédita no nosso cenário original – o original e traduções de “O retrato oval” e “O Corvo”, do seguinte modo:
- O original de “O Corvo” – “The Raven”, 1845);
- A primeira versão publicada de “O retrato oval” – “Life in Death”, 1842;
- A tradução para o francês, por Charles Baudelaire, de “The Raven”– “Le Corbeau”, 1856;
- A tradução para o francês, por Charles Baudelaire, de “The oval portrait”, 1850 (versão definitiva) – “Le portraite ovale”, 1884;
- A tradução para o português, por Machado de Assis, de “The Raven” – “O Corvo”, 1883;
- A tradução para o português, inédita em livro, por Maria da Luz Alves Pereira e Rauer Ribeiro Rodrigues, de “The oval portrait” – “O retrato oval”, 2012.
Consta ainda do eBook os dados biográficos do autor e dos tradutores e referências bibliográficas.
É importante trazer aqui detalhes sobre o conto “O retrato oval”. Esse conto foi publicado pela primeira vez no Graham’s Lady’s and Gentleman’s Magazine em 1842, com o título original “Life in Death”. Edgar Allan Poe republicou esse conto no Broadway Journal, em 1845, com o título “The oval portrait”. Nesse mesmo ano, Poe republicou cinco poemas e dez outros contos. Ele não fez tantas mudanças nos poemas quanto nos contos. Ele trocou o título de “Life in Death” para “The oval portrait” e omitiu as passagens que descreviam o efeito de drogas na personagem. Segundo Quinn (1998), seu biógrafo, esse fato decorre do “método de revisão de Poe”, que ilustra o seu ponto de vista e o seu “meticuloso cuidado” com seus escritos.
Trazemos, como anotado, a primeira versão do conto, para que nossos leitores possam conhecê-lo e verificar, na prática, o processo de revisão efetivado por Poe.
Já o conto “O delírio do corvo”, com o qual homenageamos Poe no aniversário de sua morte, integra uma série de contos curtos e ultracurtos (conheça essa taxonomia AQUI) nos quais Rauer retoma, em clave ficcional, a partir de registros historiográficos, momentos cruciais na vida de personagens concretas.
O projeto gráfico, as capas e a diagramação da Coleção Plaquete é da poeta e design gráfica Willia Katia Oliveira, curadora das Edições Dionysius, o selo de literatura da Pangeia Editorial.