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O SILÊNCIO E O SAGRADO, de Elcione Ferreira Silva, APRESENTA E DISCUTE ALGUNS DOS
ASPECTOS ESTÉTICOS DE OS CAMINHANTES DE SANTA LUZIA, DE RICARDO RAMOS
Os professores de teoria literária chegam a se curvar à onda assaz contagiante das apreciações impressionistas. Talvez, seja mesmo a única saída. Ora, optar por deixar que a leitura mergulhe nas emoções sem palavras ou nos pareceres interpretativos da intuição parece mais produtivo aos nossos leitores, no processo de amadurecimento científico, cuja sensibilidade birrenta poderá se paralisar à Medusa da metalinguagem ou mesmo da teoria. Não há dúvida que aquela primeira impressão do texto deve ser guardada, também, no próprio processo analítico.
Elcione Ferreira Silva, no entanto, não choveu no molhado, e argumento neste sentido pela proposta do seu trabalho, sustentada por rigorosa observação e análise. O movimento dialógico, no caso das opções verificáveis (o silêncio e o sagrado) é bastante delicado e percebê-lo só mesmo por meio da abordagem analítica. Seu foco foi o silêncio, tão já identificado nas narrativas de Ricardo Ramos, mas cuidou a pesquisadora de rastrear cuidadosamente o texto para iluminá-lo adequadamente, bem como sua inevitável aproximação ao sagrado, o lugar escolhido de produtividade.
O terceiro capítulo, em que se investiu analiticamente com rigor, foi sub-dividido em quinze partes, sugestivamente titulados, em que o imbricamento do choque de interesses e sentimentos modulou o discurso da narrativa – e podemos constatar como o silêncio infunde dialeticamente a ação. Por um lado, o silêncio pode ser conquistado pelo uso das palavras que, avolumadas, ou politicamente direcionadas, tendem a promover o esmaecimento ou embrutecimento da nossa consciência e sensibilidade; por outro, a ausência de palavras nos condena ao silêncio, notadamente, pela nossa condição gregária em que valorizamos o verbo. Tensão trágica.
No entanto, a dialética silêncio versus palavra diz pouco sobre a abordagem que a Elcione Ferreira Silva promove. O silêncio se anuncia em todas as possibilidades: se negando, se complementando, se revelando e se anunciando sempre na tensão imanente da realidade contraditória: mataram a Santa e a remissão do crime requer uma construção discursiva adequada que, inevitavelmente, nunca se efetiva, por mais que seja adaptada à contradição que emerge.
Da leitura desse estudo de Elcione, que mergulha de modo proficiente nas páginas da narrativa de Ricardo Ramos, ressuma um Brasil arcaico que teima em continuar presente.
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