Descrição
“… estar naquele coletivo de pessoas negras, conhecendo o mundo a partir da visão das manifestações populares, foi me permitindo entender os meus incômodos e ainda o meu próprio corpo, visto que refletindo sobre a corporeidade negra…”
– esta é uma das fortes reflexões que atravessam as páginas do livro de Vanessa Dias. Uma reflexão urgente e necessária em tempos de acirramento das violências e das desigualdades no mundo.
Há muitas batalhas em curso: o Brasil se posiciona no seleto grupo das 10 maiores economias do mundo e, ao mesmo tempo, integra os 10 países mais desiguais do planeta.
A incapacidade atávica do País de interpretar seu processo histórico, social e econômico, em que o racismo é palavra-chave, resultou no que pode ser entendido como a dialética da exclusão brasileira – sistêmica e inercial.
Nesse processo de acirramento e de batalhas em torno de projetos de vida, de sociedade e de Estado, saberes e experiências ancestrais que nos mantêm vivos e de pé.
…“um Movimento Negro Educador / Movimento Sociocultural de Matriz Africana / Movimento Decolonial já tem em sua essência uma proposta pedagógica que radicaliza e é emancipatório…”
– essa é outra forte reflexão que atravessa esse livro, e é nessa confluência que a educação se realiza e os diferentes projetos de educação disputam tempo e espaço.
Trata-se de uma educação comprometida com a vida e com os direitos, uma educação descolonizadora, emancipatória e antirracista, que enfrenta os conflitos.
O livro de Vanessa Dias é uma obra indispensável que cumpre papel disruptivo na rotina de uma lógica da Colonialidade em suas três dimensões:
do ser, do poder e do saber.
É nosso dever avivar a memória e libertar o corpo em toda a sua amplitude do jugo racista e patriarcal instalado há mais de quinhentos anos.
Nima Imaculada Spigolon
Profa. da Unicamp, Prêmio Jabuti Acadêmico 2024 em
Educação e Ensino, com o livro Elza Freire e Paulo
Freire: Dias de Exílio, Noites de Utopia
(Pangeia, 2023)
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