Lançamento e Resenhas de “Ensaios Sobre a Paixão”, de Fernando Caleffi

Ensaios Sobre a Paixão, o livro de poemas sobre o amor e a existência de Fernando Caleffi será lançado com a chegada da Primavera. Nesta notícia, o convite para o evento e duas resenhas sobre o livro: de Flávia de Queiroz Lima e de Antonio Enrique Fonseca Romero.

Ensaios Sobre a Paixão
CONVITE

Fernando Antonio Caleffi tem a honra de lhe convidar
para o lançamento de seu primeiro livro de poemas
recepcionando-o para um coquetel em sua casa
à Rua Iracema Salani Palazzo, 106, no
Parque das Universidades, em
Campinas, SP

Horário: às 19h30
Dia: 22 de setembro

Para mais informações sobre o autor e o livro
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A recepção ao livro de Fernando Caleffi tem sido calorosa, entre repulsas, senão ódio, e amor, com as tintas da admiração. Trata-se de uma poesia visceral, entre humores e tumores, em que os porões da alma, as pulsões do inconsciente e os traumas do subconsciente afloram na escrita. Uma poesia para ler e para sentir, de um autor que já na sua estreia mostra uma voz autêntica, personalíssima, que diz a que veio, e que veio para ficar.

Veja abaixo duas resenhas sobre este Ensaios Sobre a Paixão, de Fernando Caleffi.

Ensaios Sobre a Paixão e a construção
de uma existência autêntica

EIS A QUE PONTO CHEGOU
A MINHA VONTADE DE VIVER!
FERNANDO CALEFFI (p. 155)

A humanidade toda faz coisas, artefatos, o mundo e sua mundaneidade; todos trabalham em diferentes atividades; mas, quais destas atividades, tarefas, afazeres, são realmente a paixão que leva à construção, desenvolvimento e vivência de uma existência autêntica?

“E que as pedras possam ser
a prova inequívoca de que isso aconteceu
e é mais metafísico e mais sagrado
que todos os templos” (p. 234).

Fernando Caleffi nos convida a entender a existência no cotidiano da vida, na simplicidade transcendente da natureza, no amor ao todo e a cada uma de suas partes; a vida enobrecida na beleza da jabuticabeira; a ausência é presença sempre certa em cada detalhe amorosamente construído em nome da história da paixão, da sua paixão, da nossa paixão em seus ensaios despertada. Panteia toda, no microuniverso criado em sua honra, condensada para gerar a eternidade da sua presença na paixão que governa a imortalidade materializada.

E agora quero ver o capeta me queimar
no fogo do inferno:
QUEIMA-ME,
Oh capeta, eu que sou a própria chama!” (p. 41)

Caleffi se (a)Pessoa de Fernando, de Augusto dos Anjos, do vitalismo mostrado no rondar da morte desumana, para gritar que não conseguirá esta destruir a energia vital do transcendente, presente na imanência do mundo por mãos humanas construído, levantado pelo amor da paixão continuamente criadora, mesmo matando o temporal viver, só alcançará eternizar a materialidade da obra de uma existência que no canto gera o prazer, no abandono o caminho; no perdão do passado, a liberdade do futuro (paráfrase, p. 166).

“Paixão pela história,
história de vidas passadas que ficaram
Paixão por coisas que contam
a história dos homens
que contarão a minha história.” (p. 163).

Cabe ao leitor desses ensaios da paixão viver múltiplas vidas numa existência só: pensar, sentir e amar guiado pela paixão que impulsa transgredir o cotidiano, ser a ‘uva selvagem’ do lambrusco de castas milenares, que ao pé das salutares montanhas de heroicos antepassados, com sua herança genética e cultural, continua filogeneticamente a evolução criadora de um ser humano que não se resigna a morrer.

“O passado vive no presente
se ele construir o futuro.” (p. 185).

Ensaios Sobre a Paixão é um convite a viver a liberdade da simplicidade, sabendo que se é imortal, mesmo na finitude do existir, pois a felicidade só pode ser o fundamento de uma existência autêntica.

Realidade, me ame!
Seja Rosa e bela onde estiver,
Seja serena e terna,
Que eu sou temporal.” (p. 234).

E, eternamente feliz! – “Quis ser feliz, agora infeliz impossível!” (p. 42).

Campinas, SP,
13 de setembro de 2023.

MSc. Antonio Enrique Fonseca Romero.
Licenciado em Filosofia e Ciências da Religião.
Docente da Universidade do Estado do Amazonas – UEA.
Doutorando em Filosofia na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

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A cartase visceral de Fernando Caleffi
nos Ensaios Sobre a Paixão

Terminei ontem de ler o Ensaios sobre a paixão, do Fernando Calffi, e reli hoje uma parte da qual gostei particularmente: “O Temporal”, lá no final do livro.

Não foi uma leitura fácil para mim, acostumada às vírgulas para respirar e à poesia destilada, coada na reflexão.

A prosa poética do Fernando Caleffi, ao contrário, traz uma escrita profusa e intensa em figuras e sentidos, que brota em altas temperaturas, numa catarse visceral, na qual a fratura exposta de um amor perdido brota aos borbotões, como quem pensa alto.

O eu lírico se coloca onde o dó sustenido da espiritualidade encontra o ré bemol da materialidade (p. 39) – o que, sabemos, é a mesma tecla. E o sujeito poético toca essa tecla com fúria e repetidamente, transbordando em metáforas como a catarata de Iguaçu, desmedida e recorrente, assim como os deuses, as pedras que edificam a casa, o córtex hipotálamo, a casa construída com as mãos e com esperança . O livro todo percorre um extenso caminho, vivido na enésima potência, externando a busca de emergir, mas sem deixar a profundeza dessa água viva.

A leitura requer muita atenção para não se perder o fio da meada, lembrando uma longa sessão de psicanálise, mas sem interlocutor. E o poeta, à página 63, desvela o cenário íntimo a partir do qual sua fala é modalizada:

“no porão dos meus subterrâneos
fossas abissais subconsciente
não tão inconsciente?
Milhares de scripts
esperando para serem encenados
[…]

Com que carinho minha criança
afaga meu pai?
Com que argumento meu adulto
acalma minha criança?” (p. 63).

Mas é somente na parte intitulada “Delírios”, com o livro ao meio, que o leitor aparece em cena, construído em paradoxo: “Mais do que vocês ouvirem o que eu digo, / ouçam-me” (p. 136).

Embora o poeta me tenha às vezes parecido excessivo na confirmação de sua paixão inquebrantável, próximo ao clímax do poema encontro uma bela construção, na parte com o título “Recordações”:

“Que eu pegue o trem da vida
na primeira segunda classe
no estribo dependurado como pingente
da Central do Brasil
no vagão de carga feito boi embarcado
Surfista ou clandestino,
Mas não quero ficar na plataforma
feito encomenda esquecida
Ou como quem vem esperar alguém
que não sabe quem é
Ou mesmo como quem se arruma
só para ver o trem passar. (p. 186)

O outro não fala do outro, e volta a si mesmo – a seção “Temporal” fecha belamente a descrição da paisagem, espelhando o desejo do eu lírico e também sujeito poético de pertencer ao mundo em volta e lavar-se no temporal que desaba sobre a narrativa: “Eu sou temporal” (p. 234), ele(s) afirma(m).

Belo Horizonte, MG,
10 de setembro de 2023.

Flávia de Queiroz Lima.
Escritora, poeta, cronista, compositora;
autora de quatro livro de poemas, entre os quais
Laços e Avessos (2023, Dionysius / Pangeia).

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