Muit0s, inúmeros, infindáveis são os poemas de Flávia de Queiroz Lima que tratam da mulher, da condição da mulher, do ser e do estar feminino, pois a cada verso de sua obra, ainda que não esteja na evidência discursiva, está no subtexto que informa o ethos, a arquitetura, a configuração íntima, a microscopia dos verbos, dos sujeitos líricos, dos vários eus dialógicos que se manifestam em seus poemas.
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Chamada por amigas e por uns tantos amigos de Flavíssima, carinho que de modo algum é uma hipérbole, sendo superlativo que faz justiça, apresentamos abaixo um poema inédito de Flávia de Queiroz Lima, um poema explicitamente sobre o feminino, sobre a mulher, sobre a feminilidade no mundo social, histórico, cultural; e, assim, antecipamos, do mês de março, o Dia da Mulher.
O DOM DA VOZ
Transitando fronteiras, sem véus, sem mordaças,
no confronto de abismos e muros de arrimo,
palmilhando infinitos, transpondo universos,
ela escolhe e interpela trajetos, destinos,
sorve o mundo que pulsa e se infiltra na pele,
tatuando seu rastro, entalhando caminhos.
Se ela habita essa voz quando expressa o desejo,
redesenha o lugar onde a vida acontece,
molda um tempo capaz de alterar seus desfechos,
um condão de acender cada sonho que veste
e esse dom de brotar, mesmo em pleno deserto,
rega o chão que semeia, viceja, floresce.
Quando os laços se estendem e as vozes se tecem,
elas desamordaçam silêncios, esperas,
transbordando o indizível que afronta limites
e esse espaço alcançado refaz, regenera.
Cada gesto se alastra, se alonga, insiste,
desvelando palavras que a voz reverbera.
Flávia de Queiroz Lima
Poeta, compositora, resenhista,
autora de Laços e Avessos.
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