No dia 21 de dezembro de 2024, às 10h, no Centro Cultural Ministro João Ribeiro, em Entre Rio de Minas, ocorre o lançamento do livro Entre Palavras – mosaico literário de Entre Rios, organizado por Carmélia Daniels, que realizou extensa pesquisa sobre autores entrerrianos.
O livro tem patrocínio da Prefeitura Municipal de Entre Rios, da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Entre Rios de Minas, do FUMPAC – Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, e do SICOOB Credicampo.
O Blog da Pangeia entrevistou Carmélia Daniels; ela fala da sua trajetória de formação e do livro Entre Palavras; transcrevemos abaixo o diálogo.
Blog da Pangeia – Por favor, fale um pouco de você, das suas origens.
Carmélia Daniels – Nasci e vivi até os 14 anos em um ambiente rural, cercado pela natureza e pela sabedoria simples da roça, aonde o conhecimento vinha das fases da lua, das raízes e ervas medicinais, e dos benzimentos. Minha origem está ligada à zona rural de Claro dos Poções, no interior do interior das Gerais, rs, onde cresci ouvindo histórias da minha bisavó, filha da Índia, e de outros familiares, especialmente meu pai. Eram pessoas de pouca, ou às vezes nenhuma leitura formal, e, em geral, não haviam frequentado a escola. O pouco que sabiam para ler ou assinar o nome tinham aprendido em casa. Mas eram verdadeiros mestres na arte de contar histórias e no hábito de sentar para conversar com os mais jovens, transmitindo ensinamentos de geração em geração.
E seus primeiros anos escolares, como foram?
Meus primeiros anos escolares foram em uma escola rural, onde ouvíamos mais histórias do que escrevíamos. Ao estudar na cidade, eu me encantei com livros ilustrados, que complementavam minha leitura limitada. Confesso que eu não gostava de português, na época, talvez pela falta de literatura nas aulas.
Uma boa lembrança que tenho é de quando ganhei meu primeiro livro, Foi a Superiora, em uma gincana escolar de slogan sobre a natureza. Esse momento marcou o início de minhas leituras mais constantes e o uso de diário para relatar sobre o que lia no dia. Me apaixonei por histórias que dialogavam com minha vivência, como nos livros da coleção Vagalume. Naquela época, minha bisavó já não estava mais entre nós, mas a leitura era como ouvi-la contando uma história ao meu ouvido, e eu poderia recontar para os outros o que lia.
Sempre gostou de ler? Conte sobre a sua descoberta da leitura e da opção pelo curso de Letras.
Me lembro que aprendi a ler com meu pai, não tínhamos livros em casa, íamos a escola apenas aos 7 anos de idade e ele que nos ensinou a ler usando a Bíblia. Era uma leitura difícil para uma criança, ele sempre dizia: “Respeite os pontos após as palavras”. Quando surgiam palavras desconhecidas, e eu perguntava o significado, meu pai tinha duas respostas: “Não questione, é a palavra de Deus!”, e em outras, explicava com histórias que a gente entendia.
Eu sempre dizia ao meu pai que queria entender todas as palavras. Ele, então, respondia que eu tinha de que ser professora! Meu pai tem uma grande admiração pela profissão docente; mesmo com pouco estudo, ele chegou a dar algumas aulas para alfabetização infantil e para o Mobral, e sempre lamentou de não ter tido a oportunidade de estudar para poder seguir com a profissão; ele estudou até a 6ª série, na época precisava até a 8ª para dar essas aulas. Meu pai sempre disse para a gente que os professores eram os responsáveis por todas as outras profissões e que era a mais importante de todas.
Quando chegou a hora de escolher meu curso universitário, cogitei Direito ou Letras, enquanto meu irmão Marcos, que fazia cursinho comigo, pensava em Direito e tinha tudo a ver com ele. Eu passei em Letras e ele em Direito. No primeiro ano da faculdade, confesso que tive dificuldades e não gostava do curso, mas no terceiro período, quando as aulas de Literatura começaram, senti como se estivesse voltando às minhas primeiras leituras e histórias, o curso começou a fazer sentido. E a literatura reacendeu minha paixão pelas palavras.
Durante a graduação, me dediquei à pesquisa de Iniciação Científica, na qual estudei sobre as cidades de Ouro Preto e Mariana na poesia do século XX. Nesse processo, tive contato tanto com a poética quanto com a história, o que despertou e refinou meu lado mais sensível de perceber o mundo, as coisas ao meu redor, o eu e o outro. A partir daí, me encantei com a escrita, ao perceber como um poeta de fora de Minas, o Gilberto Mendonça Teles, falava tão profundamente sobre a poesia e os poetas dessas cidades, apresentando-os em seus textos. Isso me levou a refletir sobre os escritores locais, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alphonsus de Guimaraens, que construíram a imagem dessas cidades não apenas pela História, mas por um viés poético que as inscreveram na memória cultural, por meio da palavra literária.
Essa reflexão também despertou em mim um novo olhar sobre a relação entre o escritor e a cidade onde ele vive, como o lugar e suas nuances influenciam a criação literária e como, em contrapartida, o escritor contribui para eternizar a cidade por meio de suas obras.
Durante meu curso, a leitura da prosa também foi fundamental no processo de transformação. Obras como Madame Bovary, São Bernardo e Dom Casmurro foram como espelhos, refletindo aspectos da minha própria vida e me ajudando a perceber a profundidade das relações humanas e das escolhas que nos definem. Essas leituras me permitiram não apenas expandir meu entendimento literário, mas também olhar para a realidade de uma forma mais crítica e sensível, como se, por meio da escrita do outro, eu conseguisse ler e entender melhor a história que vivia.
Em cada uma dessas obras, via, na época da faculdade, reflexos da minha própria vida de casada e tomei a decisão de sair daquela espécie de prisão domiciliar — marcada por abuso, preconceito, violência psicológica e falta de direitos — que eu vivia, pois sentia que, caso contrário, teria o mesmo destino daquelas personagens. Carrego comigo a frase do amanuense Belmiro: “Quem quiser fale mal da literatura. Quanto a mim, direi que devo a ela minha salvação”.
Bela reflexão, Carmélia. Por favor, nos conte como foram as etapas do mestrado e do doutorado.
Desde a graduação, a Iniciação Científica despertou em mim o gosto pela pesquisa. Sempre tive interesse em Literatura, e a Unimontes, onde me formei, oferecia o Mestrado em Estudos Literários. Eu já adorava participar de congressos e acompanhar o que estava sendo pesquisado, e o Mestrado me levou a pensar a literatura em outros espaços.
Durante um congresso na FAE/UFMG, um tema girou em torno de “Onde está a literatura hoje?” Essa pergunta ficou martelando na minha cabeça. Apesar de não ser exatamente o foco do meu trabalho naquela época, comecei uma reflexão sobre o que estava além dos cânones: quem hoje escreve? Como lemos esses novos autores?
Uma experiência fundamental para minha pesquisa foi participar de um congresso na França, com o tema “Cartografias literárias do Brasil atual”. Lá, minha visão sobre literatura se expandiu. Percebi que ela vai muito além dos formatos tradicionais: está na materialidade, nos espaços de circulação, nos lugares, nos movimentos, nas performances, nos leitores, na escrita local. Esse momento foi um divisor de águas para mim.
Finalizei o mestrado muito feliz e com a certeza de que queria continuar na pesquisa. Já estava me preparando para o doutorado, e a pergunta ‘Onde está a literatura hoje?’ continuava comigo. Fui atrás de respostas, fiz cursos isolados no CEFET-MG, na UFSCAR, e participei do grupo de pesquisa GPELL da FAE/UFMG. Foi aí que comecei a traçar um caminho para entender a literatura contemporânea.
Em uma conversa, o professor Wagner Moreira, do CEFET, me disse: “Por que você não pesquisa as obras do Álvaro Garcia? Já está em casa, escreve sobre o que é seu”. No entanto, havia um certo desconforto da minha parte, não em relação ao trabalho, mas por me questionar sobre como as pessoas julgariam uma tese escrita sobre meu companheiro. Mas o professor Wagner me disse que, se não divulgamos o que é nosso, raramente alguém de fora o fará! Abracei tanto o livro quanto o autor (risos).
Foi nesse percurso que escrevi minha tese, explorando a maneira como a escrita de Álvaro Garcia circula por diversos meios, mídias. Suas obras já foram publicadas em diferentes suportes e materialidades, sempre em busca de novos espaços para fazer a poesia alcançar mais pessoas. Essa dinâmica me levou a refletir sobre a transição do livro impresso para o digital, e como o autor soube explorar esses novos espaços, incorporando-os de forma inovadora à sua poética.
No doutorado, aprofundei minha pesquisa sobre literatura contemporânea, participei de eventos importantes, e até me aventurei na escrita, publicando um conto e um poema. Um dos momentos mais marcantes foi o convite para apresentar uma comunicação no ELO/22, um congresso renomado de Literatura Digital, que nesse ano foi na Itália. Compartilhar a obra de um autor da minha cidade em outro país foi um sonho que literatura me ajudou a realizar.
Defendi minha tese com o sentimento de um desejo realizado. E a resposta para a pergunta “Onde está a literatura hoje?” é que ela está além dos livros. Ela pulsa entre nós, nas histórias orais que atravessam gerações, na escrita local que dá voz a quem muitas vezes não é ouvido. Ela vive nos recantos das gavetas, nas conversas cotidianas, nos textos que ainda não se materializaram em livro. Ela espera, em cada canto, que alguém a descubra e a traga à luz. A literatura está em todos os lugares, seja na troca de ideias, nas reflexões compartilhadas nas redes sociais… Ela é, ao mesmo tempo, digital e física, presente nos meios mais diversos, como as vozes que ecoam nas comunidades e a escrita que transcende o papel.
Entre Rios de Minas – conte-nos, por favor, dos caminhos para cá e dessa nova paixão na vida.
Minha relação com Entre Rios de Minas começou de forma gradual. Inicialmente, visitei a cidade para visitar meu companheiro, o poeta Álvaro Garcia, e meus sogros, que moram aqui. Álvaro já me falava da beleza natural da região, mas foi vivenciando tudo isso de perto que realmente me apaixonei. Entre Rios é um lugar que transborda natureza – com muito verde, cachoeiras, serras e trilhas que parecem convidar à contemplação e à criação.
Com o tempo, as visitas se tornaram mais frequentes e, durante a pandemia, acabei mudando de vez. Essa mudança não foi apenas geográfica, mas também emocional e criativa. Comecei a me envolver mais profundamente com a natureza e com a cultura da cidade.
Em 2019, fui convidada para participar do Mutirão Cultural . Esse evento foi a minha porta de entrada para imersão na vida cultural de Entre Rios e marcou o início da minha história com a literatura na cidade. A partir daí, tornou-se não apenas meu lar, mas também uma grande fonte de inspiração, minhas escritas foram produzidas aqui.
Quando idealizou o ENTRE PALAVRAS? Como amadureceu a ideia?
Tudo começou no Mutirão Cultural, quando participei de uma conversa sobre “conhecer nosso território”. Na ocasião, apresentei alguns poemas de Álvaro Garcia, poeta que mora na cidade. Foi quando percebi que, apesar de sua grande produção poética, poucas pessoas ali a conheciam. Isso me motivou a ministrar oficinas com poemas dele e a mediar uma roda de conversa, sobre “O que nos move a escrever”, que contou com a participação de Álvaro e de outro escritor entrerriano, Rodrigo Bragamotta. Essa experiência aconteceu online, em 2021, e me fez pensar na minha trajetória de pesquisadora e o que fazer para divulgar a literatura na região.
Depois disso, fui procurado por outros escritores da cidade, alguns com textos já publicados, outros que escreviam, mas ainda não tinham encontrado o caminho para publicar. Lembro-me de uma conversa especial com o escritor Antônio Fonseca, que me contou sobre seu desejo de publicar seus escritos, mas também sobre a falta de orientação para fazê-lo. Tive o prazer em orientá-lo e ele publicou, recentemente, o seu livro Brumapuã [Dionysius / Pangeia, 2024].
A partir daí, comecei a movimentar a cena literária local com eventos, rodas de conversa e oficinas. Uma delas, chamada Biblioteca Humana – Um Ser Livro, foi especialmente significativa. Durante esses encontros, surgiu a ideia de reunir as histórias contadas em um livro, e assim nasceu o desejo de escrever um livro sobre os escritores da cidade. Foi um processo que amadureceu de forma muito natural, alimentado pelo desejo coletivo de valorizar a literatura local e dar espaço para que esses escritores possam compartilhar suas vozes.
Em 2023, surgiu a oportunidade de escrever um projeto pela Lei Paulo Gustavo, e foi aí que decidi mapear os autores e escritores de Entre Rios de Minas. Assim nasceu o projeto Mapeamento Literário: Conhecendo os Escritores de Entre Rios de Minas. Por conta da proximidade da literatura com a música, aproveitei para mapear também os compositores da cidade.
Durante o mapeamento, voltei a pensar no percurso da minha tese, Onde está a literatura em Entre Rios? Essa reflexão me levou a pensar em apresentar, em um livro, esses escritores, muitos deles desconhecidos para a própria cidade. No início, parecia um sonho distante, mas, como dizem, sonho que se sonha junto se torna realidade.
Este ano, surgiu o edital do Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, com verba destinada à publicação de um livro. Embora houvesse apenas uma vaga, vi ali a chance de transformar o projeto de mapeamento em algo concreto. Isso me deu o impulso para amadurecer a ideia e dar vida ao Entre Palavras. Foi um processo intenso, mas cheio de significado, porque cada conversa com os escritores trazia mais clareza sobre o quanto era importante dar espaço para suas escritas.
Como foi realizar o livro? O que imaginava e o que é o resultado final?
Realizar o livro foi um processo muito desafiador, mas ao mesmo tempo amoroso. Eu sabia, desde o início, que queria criar algo que desse visibilidade aos escritores de Entre Rios de Minas, mas o caminho foi muito mais tranquilo do que eu pensava.
Eu imaginava um livro que reunisse histórias e poesias, algo simples, mas que cumprisse o objetivo de valorizar esses talentos locais. Porém, no decorrer do processo, o projeto ganhou vida própria. Cada entrevista, cada conversa, me fazia perceber a profundidade e a riqueza cultural da cidade. O livro acabou se tornando não apenas uma coletânea de textos, mas um mosaico da identidade literária da cidade. O resultado atendeu às minhas expectativas. Para além dos textos, o livro reflete o amor que esses escritores têm pela cidade e sua história.
Realizar o Entre Palavras foi como transformar um sonho, que antes parecia uma felicidade clandestina, em algo pleno. Agora, vejo esse sonho materializado e sinto muita gratidão. Ele me faz revisitar minha infância e o prazer que sempre tive com a leitura. Hoje, tenho em mãos um livro meu, com tantos escritores, e me sinto orgulhosa de ver meu nome ali, fazendo parte da estante da literatura de Entre Rios.
O livro tem pais, mães e patrocinadores: conte um pouco sobre isso.
Os pais e mães do livro são, sem dúvida, os escritores e escritoras que fazem parte dele. Cada um deles trouxe suas histórias expressas em poemas, contos e causos, que são a essência do Entre Palavras. Sem eles, o livro não existiria.
Já os patrocinadores foram fundamentais para que o livro ganhasse vida. O FUMPAC (Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural), da prefeitura de Entre Rios, com o apoio fundamental da Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, foi o alicerce que tornou possível esse projeto acontecer. Além disso, tivemos o Sicoob Credicampo, que abraçou nosso livro como uma verdadeira mãe cultural. Essa cooperativa é incrível no papel de agente promotor social. Em praticamente todos os eventos culturais, ela está presente, impactando positivamente a comunidade. Suas iniciativas, voltadas para inclusão financeira, educação e desenvolvimento sustentável, contribuem para o fortalecimento econômico e social local. Além disso, a cooperativa se envolve ativamente, ajudando a transformar projetos em histórias concretas.
Foi a partir dessa fusão de talentos, apoio e incentivo que consegui dar vida ao Entre Palavras, um filho coletivo que carrega o esforço e a dedicação de muitos corações e mãos.
Quais são seus planos para este livro?
Meu primeiro desejo é que Entre Palavras chegue até os leitores da cidade e desperte aquele orgulho pela nossa cultura literária, sabe? Quero que as pessoas vejam o quanto nossa história e nossa escrita têm valor. Mas também quero que ele ultrapasse nossos limites, que chegue a outros lugares, e que mais gente conheça os escritores daqui. É importante mostrar que nossa literatura não vive só dos grandes nomes, mas também dos causos, dos poemas e das histórias de quem vive em Entre Rios.
Além disso, não quero que o livro seja mais uma obra na estante. Meu plano é usá-lo para movimentar ainda mais a cena cultural: penso em rodas de conversa, saraus, encontros literários… tudo para aproximar os escritores dos leitores e fortalecer esse diálogo tão rico que a literatura nos proporciona.
E mais, penso em levar Entre Palavras para escolas, bibliotecas e outros espaços culturais. Imagino oficinas em que os estudantes possam conhecer os autores, aprender sobre o processo de escrita e, quem sabe, se inspirar a escrever suas histórias.
Por fim, espero que Entre Palavras seja apenas o início de uma jornada significativa. O cânone literário é importante, mas acredito que o reconhecimento precisa começar por nós mesmos, valorizando o que é nosso. Nós, que conhecemos o poder e a beleza dessas histórias, temos a responsabilidade de divulgá-las e dar visibilidade aos autores locais.
Meu desejo é que este livro inspire outros escritores a retirar suas obras das gavetas e a materializar em livro. Quero ver a literatura de Entre Rios de Minas conquistando novos espaços, sendo reconhecida e celebrada. Afinal, é por meio da escrita que construímos um legado cultural genuíno, que reflete a história de nossa gente.
Quais seus próximos planos?
Estou mais com sonhos do que planos, confesso… quem sabe uma livraria/editora no futuro (risos). Mas, falando de planos, quero seguir com projetos como este, já tenho um em andamento, o “Entre vozes, sobre a literatura oral entrerriana”, porque realizá-los me traz uma sensação de plenitude, é como se meu propósito estivesse ali, sendo concretizado. E claro, com o doutorado, meu próximo passo é trabalhar no Ensino Superior, sempre com foco no ensino de Literatura. Quero continuar compartilhando a paixão pela leitura e escrita, incentivando novos autores e, quem sabe, criando oportunidades para que mais histórias como essas ganham espaço.
Para amarrar o lançamento do ENTRE PALAVRAS com aquela menina que ouvia histórias da bisavó perto do fogão a lenha no interior do interior dos Gerais, a palavra fica aberta.
Hoje, sei o significado de muitas palavras, mas também aprendi a encontrar as que ainda procuro, muitas vezes criando histórias para chegar até elas. A escrita me ensinou que, mais do que dar significado, ela abre portas para novos mundos. Estou muito feliz por ter encontrado tanto prazer nessa profissão e por poder compartilhar a importância da leitura, da escrita e, claro, das nossas histórias.
A leitura para mim foi, durante muito tempo, como na história da personagem do conto “Felicidade Clandestina” [de Clarice Lispector]: uma vontade imensa, mas quase intocável, até chegar à faculdade. Hoje, com a oportunidade de viajar a congressos, pelo Brasil e pelo exterior, com minha minibiblioteca e um livro que carrega tantas vozes, sinto que meus sonhos estão se realizando por meio da literatura. E esse caminho é trilhado ao lado de um escritor que também é meu companheiro na literatura e na vida (risos).
Se fosse para acrescentar algo, diria que a literatura é o espaço onde me encontrei, e acredito que todos nós temos algo para contar, seja através da leitura, da escrita ou da nossa própria história.
Gratidão por esta oportunidade de compartilhar um pouco mais sobre minha história e meu caminho literário.
Conheça mais sobre
Entre Palavras
AQUI!