Na forma de cartas, três resenhas de Flávia de Queiroz Lima

Já apresentamos a poeta Flávia de Queiroz Lima, autora de Laços e Avessos, na atividade de resenhista sensível e densa na leitura de livros de outros poetas e também de ficcionistas e de livros de literatura infantojuvenil.

Damos sequência, aqui no Blog da Pangeia, a publicação quinzenal, sempre por volta dos dias 15 e 30 de cada mês, notícias, poemas de livros anteriores, novos poemas de Flávia resenhas e outros textos.

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Hoje, publicamos três cartas de Flávia, em que ela comenta livros que amigos lhe enviaram – ao final de cada carta, adicionamos informações biográficas dos autores.

ACIMA DE NÓS, AS ESTRELAS

“Querido Pedro, ave!

Terminei de ler seu livro antes, mas cadê tempo para escrever meus comentários? Gostei demais do livro todo, do equilíbrio entre texto e ilustrações e a beleza da parte interna das capas me chamou muito a atenção, com os desenhos ampliados.

Seus temas recorrentes perambulam por todo o livro, captando imagens sobre o sonho, o tempo, a saudade, a solidão, as palavras, o deserto, as flores, o vento, a ilusão, as mágoas, o silêncio, o mar e o rio, as casas.

Seus personagens, muitas vezes, dialogam com esses temas, ou os temas dialogam entre si, como a saudade, a solidão, a natureza e com você, poeta.

Aliás, muitos diálogos!

Anotei alguns dos poemas dos quais gostei especialmente, como ‘Acaso’, ‘O Mar’, ‘Minhas filhas’, ‘As perguntas’, ‘Tenho um sonho’, ‘Saber’, ‘O vento’, ‘O nunca mais’, ‘A janela dos meus olhos’, ‘O encanto’, ‘Enquanto houver estrelas’, ‘Belo Vale’ e ‘A festa’.

Gostei muito de desfechos inesperados e do enigmático ‘Voo’.

Embora eu conhecesse vários, de suas mensagens por whatsapp, foi bom revê-los assim, vestidos para festa, nessa embalagem tão caprichada, num belo formato que favorece as reproduções inteiras.

Espero que você tenha levado para Ouro Preto e tenha exposto junto com as obras ao vivo, com sua poesia expressa em imagens dialogando com a poesia em
palavras.

Achei, inclusive, que sua poesia dialoga muito com suas esculturas, mais até do que a pintura.

Um luxo de publicação!

Grande abraço com a admiração da Flávia.”

Pedro Miranda nasceu em Belo Vale, Minas Gerais. Artista plástico autodidata, trabalhou com madeira, aço naval, pinturas e palavras. ”Acima de nós, as estrelas” é seu primeiro livro de poemas, ilustrado com suas obras.

 

A PRINCESINHA DO MAR

“Querida Lúcia.

Só agora terminei a leitura do 2004 – Diário Carioca – A PRINCESINHA DO MAR, principalmente porque não gosto de perder detalhes e ali eles são muitos, reunindo uma enorme coleção de lugares históricos, lugares do presente,
personagens históricos, personagens do presente, fatos e comentários sobre eles, de modo que a atenção se detém, a todo o momento, nas minhas lembranças de um Rio de janeiro que se esvai, atravessando rapidamente as fronteiras entre ficção e realidade – mais realidade que ficção.

Passei pela parte dos “Quadriláteros” revendo minha Rio até a juventude, lembrando de locais que povoaram minha infância e a juventude até o ano de 1972, quando vim para Minas e “desertei” do maravilhoso Leme. Do Quadrilátero da Lapa em diante comecei a entrar no clima do “Diário Carioca” – que você transformou numa bela crônica, realista e, ao mesmo tempo, glamorosa, com a presença da Princesa Isabel, da Rainha Elisabeth e da
Princesinha do Mar, rodeando o Copacabana Palace. Paralelamente, aumentavam referências ao número de moradores de rua e de churrascos na calçada, trançando a vida do carioca de um ambiente insólito e perigoso,
efervescente e caótico. Quanto mais os personagens entravam na narrativa, mais encontrei encantos e peculiaridades do Rio e da população carioca, migrante por essência e saudosista do tempo da Capital do país. Em sua linguagem ágil e desenvolta, com expressões do cotidiano e ao mesmo tempo culta, pela diversidade do vocabulário adotado, você vai tecendo habilmente a mistura entre as informações e a reflexão sobre esse Rio que pulsa e agoniza ao mesmo tempo, abordando o cenário que se desfaz e a vida que teima em seguir. As areias de
Copacabana são um marcador dos momentos de euforia e abandono, com as arquibancadas preparadas para os grandes espetáculos e os restos dessas ferragens espalhadas na areia cheia de lixo.

Histórias se entrecruzam, povoando a Princesinha do Mar de personagens tipicamente cariocas, mesmo que nascidos em outros lugares, indo rapidamente da zona sul ao subúrbio, para abranger a complexidade desse Rio de Janeiro. Como você mesmo diz, seu livro traz um verdadeiro caleidoscópio, incluindo cenas passadas em Paraty, num contraste entre o colonial e o moderno, o futurismo do Museu do Amanhã e o refúgio do CCBB. Episódios como o passeio pela orla, no táxi do Leandro, dão um toque de intimidade à narrativa, em resposta à sua afirmação, à página 89: ‘De alguma forma , falta o ser humano no diário desta cidade, ou no meu diário desta cidade’.

As mulheres são personagens mais frequentes que os homens, talvez porque enfrentem de forma mais corajosa as adversidades e mudanças em suas vidas.

Princesinha do Mar às vezes é local, outras é personagem e outras, ainda, a própria autora, que caminha na orla e se identifica com a praia, o sol, a areia, a beleza machucada, mas que resiste. Referências a filmes, novelas, cenário político, vão localizando, no tempo, a narrativa, além das datas que acentuam a característica de ‘Diário Carioca’, voltando sempre na memória – como o Carnaval (pág 96), que não é o da Sapucaí, mas o da Avenida Rio Branco onde a autora iniciou sua convivência com a folia e o espetáculo que emergem nessa festa.

Mas o diário se amplia para os acontecimentos do país, a crônica do Rio se estende e se amplia aos acontecimentos políticos, acentuando as consequências das notícias no cenário, popularizando o Rio de forma decadente e violenta.

O final é emocionante, com um tributo de amor à cidade eternamente linda, apesar de tudo.

Parabéns pelo brilhante registro de uma história que se passa subjacente à sua narrativa, de um cenário que resiste ao tempo e aos maus tratos dos governantes, do povo, da própria natureza. Gostei imensamente da leitura desafiadora, porque caleidoscópica, mas emocionante, porque torna o leitor cada vez mais próximo do enredo, do cenário, dos bastidores e da plateia desse grande espetáculo que é o Rio de Janeiro.”

Lúcia Shibuya nasceu em 1945, no Rio de Janeiro. Estudou letras na UFRJ e diritona UERJ. Filha de pais imigrantes (mãe espanhola e pai japonês), trabalhou em vários segmentos; sendo até gerente de restaurante em Nova Iorque, no East Village. Ao voltar ao Brasil abriu um restaurante em Ipanema, trabalhou com publicidade, como diretora de atendimento, abriu a empresa Shibuya Eventos, montando congressos institucionais e feiras temáticas nos shoppimgs de todo o Rio. Sempre escreveu; publicou uma revista e um livro de resenhas e este é seu primeiro livro de ficção.

A VIDA MISTERIOSA DOS GATOS

“Caro Pedro Rogério.

Terminei há muitos dias a leitura de seu A VIDA misteriosa dos gatos, passado predominantemente na ciclovia da ‘Península dos Ministros’, embora percorra quase todo o território do país e muitas cidades no exterior, em sua perambulação de jornalista.

Quantos personagens são nossos conhecidos e os nem tão conhecidos revelam igualmente os bastidores de nossa política muito pouco louvável!

Gilberto Amaral, Dilma Rousseff, Miguel Torga, Sarney (vizinho e grande amigo), João Figueiredo, José Dirceu, Tasso Jereissati, Irineu Marinho, Andreazza, Aureliano Chaves, Mário Palmério, irmanados num livro onde os lados pouco aparecem. Os bastidores da República, estes sim, aparecem em roupas íntimas, desnudando muitas das histórias que a imprensa quase nunca revelou.

A galeria de ex-presidentes é extensa e variada em seu perfil, valorizando o ambiente das despedidas e tornando simpáticas algumas figuras que nos mostraram os dentes afiados durante a ditadura militar. Cenas insólitas (como as que aparecem nas páginas 113 e 132), a valorização do humanismo antes de tudo, a raridade bibliográfica (como na infanta capellista), mostram o valor de anotações diárias dos acontecimentos e o bom uso que o herdeiro de parte da biblioteca de Vivaldi Moreira faz de seu acervo.

Com palavras sempre polidas pela flanela dos Moreira, muito se revela de informações relevantes para a história do país, como a falida candidatura de Silvio Santos à presidência, felizmente inviabilizada pelo atraso na inscrição partidária e no registro da candidatura.

Gostei particularmente da história dos passarinhos (página 241), da homenagem a Otto Lara Resende e de curiosidades, como o acidente que aproximou Vivaldi Moreira de José de Alencar.

‘Criado sob o império do jornalismo norte-americano, do objetivismo do lead, no qual o importante é informar o quando, o onde e o como, fixei nas páginas do meu diário apenas o flagrante, telegraficamente. Imaginava o dia em que, sem os aborrecimentos do ganha-pão, pudesse debruçar-me sobre aquelas páginas para delas extrair, aí sim, uma decifração’.

Uma proeza para poucos!

Pedro Rogério Couto Moreira nasceu em 16 de dezembro 1946, em Belo Horizonte. Jornalista autoditada, estudou no Colégio Marista de BH. Trabalhou como jornalista na Última Hora, em O Globo, na TV Globo. Como publicitário trabalhou no SBT e no jornal do Brasil. Foi assessor na Casa Civil da presidência da República no governo Itamar Franco e assessor da Presidência do Senado na gestão de José Sarney. É autor de 14 livros. Membro da Academia Mineira de Letras, onde ocupa a cadeira 38.

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